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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tecnologias digitais na Educação

Entrevista realizada em: 30/11/2009

Vani Kenski: Professora doutora da Faculdade de Educação da USP e diretora da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED)

Tecnologias digitais na Educação

Salto – Quais os impactos da tecnologia na educação, hoje? E que transformações acontecem na escola com o surgimento das mídias digitais?

Vani Kenski
– Eu vejo que o impacto é muito grande, como em todas áreas. Eu considero que houve uma mudança de 1990 para cá, uma mudança estrutural na sociedade, a partir das mídias digitais. E a educação não está fora disso. A chamada geração digital já está na universidade hoje. São jovens que vivem mediados pela internet, pelo computador, e que possuem essa fluência [na utilização desses recursos], que é usada na sua vivência na escola. (…) Houve mudanças em todos os setores e áreas de produção de conhecimento, houve avanços na medicina, na engenharia, em toda nossa vida... Em nosso cotidiano, nós usamos as mídias digitais e essas mídias estão presentes na escola, mas nem sempre [estão presentes] na prática pedagógica. As pessoas que estão vivenciando isso em sua realidade, elas sabem usar o celular, o computador, embora na atividade educativa, dentro da sala de aula, esses recursos estejam relegados a um plano bem inferior ao que mereceriam ter.

Salto – E como pensar esse novo momento da educação numa perspectiva de redes?

Vani Kenski
– Toda grande alteração das tecnologias digitais foi exatamente a possibilidade de uma interação maior. A interatividade das redes viabiliza a formação de trocas com muito mais intensidade entre as pessoas, entre as coisas, você tem informação a qualquer momento, em qualquer lugar. E isso viabiliza novas oportunidades educacionais e a formação redes de troca de informações em tempo real. Se precisamos de informações, na mesma hora entramos em contato, ou buscamos na internet. E já temos a formação de redes interativas mediadas pela tecnologia, com conhecimentos, com informações, para diferenciados tipos de acessos, como planos, espaços, países, etc. Em relação às pessoas, o diferencial é imenso, porque nós temos contatos com múltiplos espaços de relações sociais, de redes sociais. E o que nós vemos é a possibilidade de, informalmente, usarmos as redes sociais: temos o orkut, twitter, facebook, temos diferentes redes sociais, e as pessoas da escola estão nessas redes. E o que se faz necessário é que a escola e os professores compreendam os espaços pedagógicos que se abrem com esses relações e comecem a utilizá-los. Não é usar apenas o facebook ou o orkut, mas sim criar a sua própria rede. Naturalmente, quando nós estamos na sala de aula, no primeiro dia de aula, os alunos querem fazer suas listas e nelas se integrarem, se comunicarem, e o professor encaminha conteúdos, textos, para esta lista que foi formada, informalmente, pelos alunos. Mas esses espaços são muito subutilizados dentro dos espaços pedagógicos, existem infinidades de propostas a serem utilizadas para a formação de grupos, para a formação de trabalhos, são muitas as possibilidades... Mas é preciso que o professor tenha essa vivência e possa trabalhar pedagogicamente junto a seus alunos e [a partir daí] vai haver um diferencial no processo, e também vai haver uma aproximação da realidade dos jovens, dos alunos que vivenciam isso cotidianamente. Às vezes, eles nos dizem: "eu nunca pensei que pudesse usar o orkut como espaço para aprender, eu pensei que era só para me divertir". Cabe à escola informar que é possível transformar a situação de redes sociais em espaços pedagógicos para aprender.

http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/entrevista.asp?cod_Entrevista=67

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